Foi nessa ida até a esquina que me senti diferente, pessoas tornaram-se desconhecidas, uma ou outra me deu oi, eu não respondi. Tive que manter contato com algumas, numa espécie de obrigação em falar, fui educada. Senti olhares me julgando como se eu fosse diferente. E de fato sou, procuro a utilidade das coisas, procuro a verdade e crio planos paralelos no mundo da mentira. Já caí em tentação, já menti. Mas acredite, me senti outra pessoa qualquer, mais uma que mente e desmente, que brinca e joga com sentimentos dos outros humanos.
Foi na hora que parei, comi meu pão de queijo sagrado, na esquina, naquela chuvinha, com aquelas músicas, que pensei: “o que será que cada pessoa que passa por mim está pensando?” não sei porque, mas comecei a imaginar, nessa breve ilusão vi pessoas boas, ruins, boas tentando ser ruins, e ruins se passando por boas. Voltei para minha casa, minha cama, meu mundo, peguei o computador e vim digitar. Não que faça algum sentido todas essas palavras, mas, assim como quando comecei o texto, me sinto diferente. Não vejo mais o brilho que via na minha própria família, muitas pessoas perderam a cor também. Não sei se é bom ou ruim, só sei que não vou mudar. Comecei a ver mais os sentimentos e agir sem eles, ou pelo menos tentar. Facilita.